Bispo referencial da Pastoral Rodoviária sobre caminhoneiros: “eles podem parar o país”
Após praticamente uma semana de
paralisação, protestos e bloqueios nas estradas do Brasil, os
caminhoneiros conseguiram fechar um acordo com o Governo Federal em
relação a alguns pontos reivindicados. Diante do desafio de encarar
milhares de quilômetros sem as condições ideais para levar país afora a
produção, é com a Igreja que os trabalhadores das rodovias contam para
ouvir suas dificuldades e receber palavras de conforto.
Há 42 anos seguindo a rota dos
caminhoneiros, a Pastoral Rodoviária tem sido alento e apoio na
assistência religiosa aos profissionais motoristas, de postos de
combustível, borracharias entre outras atividades ligadas à realidade
das rodovias brasileiras.
Com experiência no serviço à Pastoral
Rodoviária junto com os padres lazaristas, o bispo de Caraguatatuba
(SP), dom José Carlos Chacorowski, é o referencial da Pastoral no âmbito
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“A Pastoral tem o espírito de levar a
Igreja para a estrada e manter a catolicidade nos trabalhadores, ou
seja, criar união, uma vez que a maioria dos caminhoneiros tem tradição
religiosa, são devotos de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, e não
conseguem participar da celebração da eucaristia por estarem
trabalhando”, conta o prelado.
São características as missas celebradas
em postos e pontos de apoio a partir do altar montado dentro do baú de
um caminhão que leva o nome de Nossa Senhora da Estrada à frente. E
diante das dificuldades enfrentadas na manutenção de suas atividades, a
Pastoral também deseja boas condições de vida para os caminhoneiros,
segundo dom José Carlos. “E esta é uma realidade delicada que se cria,
mostrando que eles podem parar o país”, comenta sobre os protestos que
levaram cidades inteiras a mudarem rotinas e ao acionamento das forças
de segurança pelo Governo após quatro dias de paralisação e
desabastecimentos.
Dom José Carlos ainda reflete que há
sentimento de que os caminhoneiros sentem o peso da corrupção que afeta
os mais pobres, inclusive boa parte dos trabalhadores que são autônomos,
e que com este movimento desejam “dar um basta”. O bispo também lamenta
a questão do desabastecimento causado pelos bloqueios das estradas e
não aprova os exageros, como o uso da violência.
Em meio aos protestos, pisando o chão
daqueles que levam alimentos e bens de Norte a Sul do país, estão os
padres da Congregação da Missão (Lazaristas), congregação fundada por
São Vicente de Paulo, na França, em 1625. Na última sexta-feira, estavam
espalhados pelo Brasil padre Arno Longo, em Parelhas (RN); padre Miguel
Staron, em Tatuí (SP), e padre Germano Nalepa, em Rondonópolis (MT).
Padre Arno Longo contou que passou a manhã com os caminhoneiros,
conversou com eles, almoçou e presidiu a Missa às 16h. “O trabalho é de
escuta da situação e da vida”, conta. Segundo ele, há uma preocupação
com a manutenção da vida desses trabalhadores, os quais, em sua maioria,
são autônomos. Também aproveitam a ocasião de proximidade para oferecer
uma palavra de conforto diante das dificuldades do trabalho.
Fonte da Notícia: cnbb.org.br
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