Dom José, bispo auxiliar de Manaus: "Ajudar os presos a se arrepender"
Pouco mais de dois anos após a rebelião que deixou
56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) de
Manaus, outras 55 pessoas foram mortas entre domingo e segunda-feira (26 e
27/05), nos cárceres da capital amazonense.
Os presos morreram no âmbito de uma briga interna
da organização criminosa Família do Norte (FDN). Nesta semana, nove líderes da
facção serão transferidos para presídios federais de segurança máxima.
Segundo a Pastoral Carcerária de Manaus,
“essas mortes são consequência a inevitável da manutenção da lógica de
encarceramento em massa e banalização das vidas; e de aprisionar e exterminar
uma população indesejável, em sua maioria pobre e negra” (leia artigo aqui ao
lado).
Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar de
Manaus, lamenta a reação de uma
parte da sociedade e recorda que ‘os presos são filhos de Deus e mesmo que
tenham cometido crimes, devem ser ajudados a se arrepender e a mudar de vida”.
“Lamentamos a morte de dezenas de seres humanos, o
crescimento da violência e do terror praticado pelas facções criminosas, assim
como a reação de uma parte da sociedade que aplaude e torce para que este estes
acontecimentos de fato exterminem aqueles que estão nos presídios”.
“ Eles são vítimas de toda uma sociedade que
exclui, que não oferece oportunidades, que favorece e facilita o mundo do crime
”
"Esta bomba-relógio que está em nossos
presídios é uma realidade que deve sempre nos preocupar e nos convidar a uma
reflexão, a fim de podermos rever as políticas aplicadas para o sistema
penitenciário em nosso país”.
“Como seguidores de Cristo, nós sempre defenderemos
a vida, seja ela em qualquer situação. Todos são filhos de Deus e, mesmo quando
condenados e presos por delitos cometidos, eles devem ser ajudados a se
arrepender e a mudar de vida. Esta realidade triste deve então nos unir em
oração e em ações concretas que nos levem a refletir sobre nossa vida em
sociedade”.
“ “Que Deus nos ajude a mudar esta realidade” ”
O coordenador de Pastoral da Arquidiocese de
Manaus, Padre Geraldo Bendaham, reitera:
“As pessoas que morreram são filhas de Deus e
quando presas, é dever do Estado cuidar para que todos possam cumprir sua pena
com dignidade; inclusive, cabe às famílias reclamar o direito à indenização
pela morte de seus filhos”.
Fonte: Vatican News
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