Coletiva Sínodo: poucos padres não devido a celibato; leigos coração da Igreja
Tendo chegado à metade dos trabalhos do Sínodo
Pan-Amazônico, a intervenção na Sala de Imprensa da Santa Sé dos bispos
brasileiros dom Wellington Vieira, de Cristalândia - TO; dom Pedro Conti, de
Macapá - AP, entre outros, junto ao prefeito do Dicastério para a Comunicação,
Paolo Ruffini, e ao secretário da Comissão para a Informação,
Pe. Giacomo Costa
Pe. Giacomo Costa
O Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que chegou à
metade de seu caminho, fez terça-feira um “salto qualitativo”, disse aos
presentes na coletiva diária na Sala de Imprensa da Santa Sé, esta quarta-feira
(16/10), o secretário da Comissão para a Informação, Pe. Giacomo Costa, graças
às intervenções livres de alguns
padres sinodais, “que pediram para não
fragmentar o caminho da Assembleia na busca de pequenas soluções para os temas
individualmente considerados”, mas, preferivelmente, esclareceu o prefeito do
Dicastério para a Comunicação, Paolo Rufini, para “retomar um impulso
profético, deixando espaço ao Espírito Santo, para não perder a visão de
conjunto”.
Uma nova dinâmica, mais espiritual, que já deu seus
efeitos, “deixando a palavra livre” nos trabalhos dos doze círculos menores,
que se reunirão até a tarde desta quinta-feira. No final do dia os relatores
apresentarão as 12 relações, que serão publicadas na tarde de sexta-feira, 18
de outubro.
A última semana de trabalhos, como previsto, será
dedicada a discutir o projeto do documento final, que será votado na Sala do
Sínodo na tarde de sábado, dia 26.
Dom Wellington Vieira
Nessa dinâmica se insere o bispo da Diocese de
Cristalândia – TO, dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, que ressaltou que o
problema da falta de sacerdotes é concreto não somente para a Amazônia, “mas
também para a Europa, que verifica uma redução do número de ministros
ordenados”.
Não existem obstáculos, na Bíblia e na teologia,
para a ordenação de “viri probati”, homens adultos casados, esclareceu dom
Wellington, mas, “e muitos na Sala do Sínodo pensam como eu”, disse o bispo,
“não vejo no celibato o obstáculo principal para ter mais sacerdotes. O
verdadeiro problema é a incoerência, a infidelidade, e os escândalos causados
por ministros ordenados”.
“Devemos fazer de modo que no coração das pessoas,
sobretudo dos jovens, se desenvolva uma terra fértil. Se também nós presbíteros
e nós bispos temos ‘o cheiro das ovelhas’, como nos pede o Papa Francisco, não
transmitimos o perfume de Cristo. Porque somos anunciadores somente de nós
mesmos, que desse modo distanciamos as pessoas de Jesus”, acrescentou o bispo
de Cristalândia.
Uma má distribuição dos presbíteros na América
Latina
O primeiro caminho a ser feito é a conversão dos
ministros ordenados, porque, disse ainda dom Wellington Vieira, “o principal
instrumento para despertar a vocação nos jovens é a santidade dos atuais
evangelizadores: a santidade da simplicidade de vida, da abertura ao diálogo,
do anúncio da verdade cristã, da compaixão com quem sofre”.
Um segundo problema é também a má distribuição dos
presbíteros no território. “Na América Latina há áreas com uma boa presença de
sacerdotes, mas com escasso espírito missionário. Muitos deles poderiam ir a
regiões de fronteira como a Amazônia”, disse ainda.
Dom Pedro: são os leigos que levam adiante as
comunidades
Em seguida tomou a palavra o bispo de Macapá – AP,
dom Pedro José Conti, uma diocese de 148 mil Km quadrados (que ocupa
praticamente todo o estado do Amapá), na foz do Rio Amazonas. Ele contou que
pediu ao Sínodo que valorize o papel do laicato.
“Em minha diocese, que é como todo o norte da
Itália – explicou dom Pedro Conti –, em algumas paróquias temos 100 comunidades
e apenas 1 sacerdote. Quem leva adiante o trabalho são os leigos e as leigas. Os
sacerdotes devem prepará-los, acompanhá-los e guiá-los, mas são eles que
constroem a Igreja.”
“Nós clérigos, sacerdotes e bispos, pensamos saber
tudo, mas não é verdade, precisamos das competências dos leigos e das leigas, e
isso é também um antídoto ao clericalismo”, enfatizou. É fundamental,
acrescentou o bispo de Macapá, também o serviço de leigos e leigas engajados na
política, que sejam formados para dar concretude à doutrina social da Igreja.
A Floresta Amazônica será salva por pequenos
produtores
Para dom Pedro Conti, os pequenos produtores leigos
salvarão a Amazônia. O modelo a ser seguido é o das pequenas cooperativas
agrícolas, “que convivem com a Floresta, a ‘Floresta em pé’, e que dela extraem
os recursos de modo sustentável para comercializar produtos naturais,
desfrutando da sua grande riqueza com a sabedoria ancestral transmitida pelos
povos indígenas”.
“Fiquei emocionado ao ouvir o testemunho deles. Eu
vivo a 600Km das aldeias indígenas, numa cidade com meio milhão de habitantes e
me encontro às presas todos os dias com os problemas urbanos, e sinto a
urgência de uma conversão ecológica”, contou o bispo por fim.
Fonte: Vatican News
Comentários
Postar um comentário