Papa: a missão não pode ser um peso, mas um dom para oferecer
No Dia Mundial das Missões, celebrado neste domingo
(20) no âmbito do Mês Extraordinário Missionário, o Papa Francisco presidiu a
Santa Missa na Basílica de São Pedro. O Pontífice usou o substantivo 'monte', o
verbo 'subir' e o pronome 'todos' para encorajar o testemunho de milhares de
missionários no mundo.
Uma celebração eucarística caracterizada pela
comunhão dos
povos na Basílica de São Pedro. Na manhã deste domingo (20), o
Papa Francisco presidiu uma missa, por ocasião do Dia Mundial das Missões no
âmbito do Mês Missionário Extraordinário. A cerimônia foi especialmente animada
pela genuína participação do coro e orquestra “Palmarito e Urubichà”, da
Bolívia.
Na homilia, o Papa usou o substantivo monte,
o verbo subir e o pronome todos, extraídos das leituras do dia,
para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.
O monte, lugar de grandes encontros
Ao iniciar falando do monte, Francisco indicou
aquele da Galileia, mas que poderia o do Sinai, do Tabor ou das Oliveiras, mas
sempre “o monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda
a humanidade”.
“A nós, o que nos diz o monte? Que somos chamados a
nos aproximar de Deus e dos outros: nos aproximar de Deus, o Altíssimo, no
silêncio, na oração, nos afastando das maledicências e boatos que poluem; e nos
aproximar também dos outros.”
Francisco então falou da importância de olhar o
outro de uma outra perspectiva, do alto do monte, onde descobrimos que “a
harmonia da beleza só é dada pelo conjunto”.
“O monte nos lembra que os irmãos e as irmãs não
devem ser selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O
monte liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte nos leva
para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; nos convida a
redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão começa no
monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês missionário, vamos
nos interrogar: para mim, o que é que conta na vida? Quais são as altitudes
para onde vou?”
O subir, um êxodo do próprio eu
O Papa partiu para o verbo que acompanhe o
substantivo monte: o subir, já que “nascemos, não para ficar em terra nos
contentando com coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e
os irmãos”.
“ Para isso, porém, é preciso subir: é preciso
deixar uma vida horizontal, lutar contra a força de gravidade do egoísmo,
realizar um êxodo do próprio eu. Por isso, subir requer esforço, mas é a única
maneira para ver tudo melhor, como o panorama mais bonito ao escalar a montanha
só se vê no cimo. ”
O Papa recordou que a subida muitas vezes não é
fácil, pois estamos carregados de coisas e é preciso deixar de lado o que não
serve:
“É também o segredo da missão: para partir é
preciso deixar, para anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito,
não de bonitas palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe
renunciar a tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as
pessoas indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das
inutilidades que enchem o coração e encontra tempo para Deus e para os outros.
Podemos nos interrogar: Como procede a minha subida? Sei renunciar às bagagens
pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao monte do Senhor?”
O pronome todos, a missão de todos
O que prevalece, porém, nas leituras, é o pronome
todos, disse Francisco, repetido várias vezes: todos os povos, todas as nações,
todos os homens.
“O Senhor Se obstina a repetir esse «todos». Sabe
que somos teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação,
a nossa comunidade... e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque
ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o nosso
coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos baseados nos
egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é um tesouro precioso
e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro. Eis a missão: subir ao monte
para rezar por todos, e descer do monte para se doar a todos.”
“Subir e descer… assim o cristão está sempre em
movimento, em saída”, e “ao encontro de todos, não apenas dos seus e do seu
grupinho”, enfatizou o Papa, que provocou mais questionamentos a todos:
“assumimos o convite de Jesus ou nos ocupamos apenas das nossas coisas?”.
A missão, disse Francisco, é “mostrar, com a vida e
mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”. E o
Papa finalizou afirmando que “cada um de nós é uma missão nesta terra”.
“ Vai com amor ao encontro de todos, porque a tua
vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer.
Coragem! Sem medo, vamos ao encontro de todos! ”
Fonte: Vatican
News
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