Papa sobre fome no mundo: falta de compaixão e vontade política
Durante audiência com membros da FAO,
Francisco agradeceu o trabalho de Graziano da Silva, que deixa a direção da
organização depois de dois mandatos.
O
Papa Francisco recebeu no final da manhã desta quinta-feira, 27, os cerca de
500 participantes da 41ª Sessão da Conferência da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O tema em debate é “Migrações,
agricultura e desenvolvimento rural”.
No início do seu discurso, o
Pontífice manifestou o seu agradecimento e reconhecimento ao Diretor-Geral,
José Graziano da Silva, que daqui poucas semanas concluirá o seu serviço à
frente da FAO. “Obrigado de coração por seu trabalho”, disse o Pontífice que
também felicitou o sucessor, presente na audiência, o chinês Qu Dongyu.
Em
mérito ao tema da Conferência, Francisco afirmou que o objetivo “Fome Zero”
permanece ainda um grande desafio, mesmo reconhecendo que nas últimas décadas
houve um grande avanço. O Santo Padre recordou que para combater a falta de alimento
e acesso à água potável, é preciso trabalhar sobre as causas que as provocam. E
na origem deste drama, o Papa apontou sobretudo a falta de compaixão, o
desinteresse de muitos e uma escassa vontade social e política no momento de
responder às obrigações internacionais.
“A falta de alimento e de
água não é um assunto interno e exclusivo dos países mais pobres e frágeis, mas
diz respeito a cada um de nós. Todos estamos chamados a escutar o grito
desesperado de nossos irmãos”, exortou. Francisco indicou a redução do
desperdício de alimentos e de água, e a educação e sensibilização social como
investimentos a curto e longo prazo.
O Pontífice reiterou a
conexão que existe entre a fragilidade ambiental, a insegurança alimentar e os
movimentos migratórios. “O aumento do número de refugiados no mundo durante os
últimos anos nos demonstrou que o problema de um país é o problema de toda a
família humana”, destacou. Para o Santo Padre é necessário promover um
desenvolvimento agrícola nas regiões mais vulneráveis, fortalecendo a
resiliência e a sustentabilidade do território.
Francisco
também reforçou a legitimidade da FAO como instituição para coordenar medidas
incisivas, em parceria com outras organizações internacionais. “O esforço
conjunto de todos fará tornar realidade as metas e os compromissos assumidos”,
completou.
Ao final da audiência, o
Papa reafirmou a disponibilidade da Santa Sé em cooperar com a FAO, apoiando o
esforço internacional para a eliminação da fome no mundo e garantindo um futuro
melhor para o planeta e para a humanidade inteira.
FONTE: Reproduzido do site Vatican News
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