Papa comenta que no diálogo entre Pai e filhos, está a novidade da oração cristã
Uma maneira de rezar diferente para a época, a
ponto de suscitar nos discípulos o desejo de serem “partícipes desses momentos
de união com Deus, para saborear plenamente sua doçura”. Esse “diálogo entre
pessoas que se amam”, é a “novidade da oração cristã”. “Um diálogo de Filho ao
Pai, um diálogo entre filhos e Pai. Esta é a oração cristã.”
Antes de rezar o Angelus com os fiéis provenientes
de diversas partes do mundo reunidos na Praça São Pedro, neste XVII Domingo do
Tempo Comum, o Papa Francisco refletiu
sobre a passagem de São Lucas que narra as circunstâncias em que Jesus ensina o
“Pai-nosso” aos seus discípulos, destacando também que Jesus nos encoraja a
sermos insistentes na oração.
Atraídos pela “qualidade” da oração
de Jesus
Os discípulos – explica o Papa – sabiam rezar
segundo as fórmulas da tradição judaica da época, “mas também desejam poder
viver a mesma “qualidade” da oração de Jesus”.
“Podem constatar que a oração é uma dimensão
essencial na vida de seu Mestre, na verdade cada ação importante é
caracterizada por prolongados momentos de oração”
Ademais, os discípulos percebem que a oração de
Jesus, revela “uma ligação íntima com o Pai, tanto que desejam ser partícipes
desses momentos de união com Deus, para saborear plenamente sua doçura”.
Aproveitando que estavam em um lugar isolado,
esperam Jesus concluir sua oração e, tomados por esta curiosidade, pedem a Ele
que lhes ensine a rezar.
Fazer a experiência da paternidade de
Deus na oração
Em resposta, “Jesus não dá uma definição abstrata
da oração, nem ensina uma técnica eficaz para rezar e “obter” alguma coisa”,
mas convida seus seguidores a fazerem a experiência de oração, colocando-os
diretamente em comunicação com o Pai, despertando neles um anseio por um
relacionamento pessoal com Deus, com o Pai”:
“ Aqui está a novidade da oração cristã! Ela é o
diálogo entre pessoas que se amam, um diálogo baseado na confiança, apoiado
pela escuta e aberto ao compromisso solidário ”
Neste sentido, dá a eles a oração do “Pai Nosso”,
“talvez o dom mais precioso que nos foi deixado pelo divino Mestre em sua
missão terrena.”
Depois de nos ter revelado o seu mistério de Filho
e irmão, com aquela oração Jesus nos faz penetrar na paternidade de Deus, “e
isto quero sublinhar”, disse Francisco:
“ Quando Jesus nos ensina o Pai Nosso, nos faz
entrar na paternidade de Deus e nos indica o modo para entrar em um diálogo
orante e direto com Ele, através do caminho da confiança filial. É um diálogo
entre o pai e o seu filho, o filho com o pai ”
“O que pedimos no “Pai Nosso” já está realizado em
nós no Filho Unigênito: a santificação do Nome, o advento do Reino, o dom do
pão, do perdão e da libertação do mal. Enquanto pedimos, abrimos a mão para
receber. Receber os dons que o Pai nos mostrou no filho. A oração que o Senhor
nos ensinou é a síntese de toda oração, e nós a dirigimos ao Pai sempre em
comunhão com os irmãos.”
Às vezes – observou Francisco – “acontece que na
oração existem distrações, mas tantas vezes sentimos como que o desejo de nos
deter na primeira palavra: “Pai”. E sentir esta paternidade no coração”.
Atrair o olhar do pai: fazer como
quando éramos crianças
Depois de falar da intimidade com Deus na oração
revelada por Jesus, o Papa Francisco sublinhou outro aspecto que a oração
cristã deve ter: ser perseverante. Para ilustrar, cita a parábola do amigo
inoportuno e recorda o que Jesus diz: “É preciso insistir na oração”. E retoma
um exemplo já referido em outras ocasiões, das crianças quando se dirigem ao
pai:
“E me vem em mente o que fazem as crianças com
três, três anos e meio, que começam a perguntar as coisas que não entendem. Na
minha terra é chamada de “a idade dos porquês”, acredito que aqui seja o mesmo.
As crianças começam a olhar para o pai e dizer: “Pai, por que? Pai, por que?”
Pedem explicações. Mas estejamos atentos: quando o pai começa a explicar o
porquê, elas vem com outra pergunta sem escutar toda a explicação. O que
acontece? Acontece que as crianças se sentem inseguras a respeito de muitas
coisas que começam a entender pela metade. E somente querem atrair sobre si o
olhar do pai, e por isso: ‘Por que, por que, por que?’”
“ Nós, no Pai Nosso, se nos detivermos na primeira
palavra, faremos o mesmo de quando éramos crianças, atrair sobre nós o olhar do
pai. Dizer: “Pai, Pai”, e também dizer: “Por que?” E Ele olhará para nós. ”
“Peçamos a Maria, mulher orante, que nos ajude a
rezar o Pai Nosso, unidos a Jesus para viver o Evangelho, guiados pelo Espírito
Santo”, foi o pedido do Santo Padre ao concluir sua alocução, antes de rezar o
Angelus com os presentes.
Fonte: Canção Nova News com Vatican News
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