O Papa no Dia do Migrante e Refugiado: “Forçados como Jesus Cristo a fugir”
Segundo um comunicado da Sala de
Imprensa da Santa Sé, divulgado nesta sexta-feira (06/03), a mensagem é
centrada no cuidado pastoral dos deslocados internos, que atualmente são mais
de 41 milhões em todo o mundo.
“Forçados como Jesus Cristo a
fugir”. Este é o tema, escolhido pelo Papa Francisco, da mensagem para o 106º
Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que será celebrado no
domingo, 27 de
setembro de 2020.
Segundo um comunicado da Sala de
Imprensa da Santa Sé, divulgado nesta sexta-feira (06/03), a mensagem é
centrada no cuidado pastoral dos deslocados internos, que atualmente são mais
de 41 milhões em todo o mundo.
Como é bem evidente no título, a
mensagem parte da experiência de Jesus deslocado e refugiado junto com os seus
pais, a fim de reiterar a importância da base cristológica específica do
acolhimento cristão.
A mensagem será desenvolvida em seis subtemas, expressos em
seis verbos: conhecer para compreender; aproximar-se para servir; ouvir para se
reconciliar; compartilhar para crescer; envolver para promover e colaborar para
construir.
Para favorecer uma preparação adequada da celebração desse
dia, também este ano, a Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o
Serviço do Desenvolvimento Humano Integral deseja lançar uma campanha de
comunicação. Todos os meses, serão propostas reflexões, material informativo e
recursos multimídia para aprofundar o tema escolhido pelo Santo Padre.
O secretário adjunto da Seção Migrantes e Refugiados do
Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, pe. Fabio Baggio,
fala ao Vatican News a propósito do tema e sua tradução na atualidade.
Pe. Baggio: O
Santo Padre escolheu esse título da mensagem para o Dia Mundial do Migrante e
do Refugiado deste ano, a fim de manifestar sua preocupação pela categoria de
pessoas em movimento que muitas vezes é esquecida. Trata-se de deslocados
internos. Falamos de mais de 40 milhões de pessoas, 41 milhões, segundo os
dados mais recentes, que representam uma grande porção das pessoas que estão em
movimento hoje, mas que não atravessam os confins, permanecem em seu território
nacional. É por isso que eles são obviamente de competência dos vários governos
e geralmente permanecem anônimos. O fato de dedicar a mensagem a eles significa
destacar essa situação particular e também dedicar-lhes palavras que são
indicações e reflexões destinadas aos agentes pastorais para que também possam
trabalhar com essas pessoas. O ícone do qual o Santo Padre quis iniciar é o de
Jesus Cristo Menino que, com sua família exilada, viveu a experiência de ser
forçado a deixar sua terra por causa de uma perseguição, naquele caso, ou por
causa de conflitos, ou por causa de desastres naturais. Essas são as principais
razões, junto com outras, que são reconhecidas mundialmente e que levam esses
milhões de pessoas a abandonar suas terras. Existe sempre o desejo, é claro, de
poder retornar. Às vezes, isso não é possível. São desafios também lançados às
nossas comunidades cristãs que, por um lado, devem acolher, e de outro,
reconstruir uma história juntos. Também, muitas vezes, acompanhar os processos
de retorno, quando possível, aos territórios que foram abandonados devido aos
fenômenos que mencionei antes.
Esta mensagem reitera uma “base cristológica do acolhimento
cristão”. O que significa?
Pe. Baggio: Não
nos esqueçamos de que em cada pessoa que bate à nossa porta, o pobre, o
faminto, o sedento, o nu, o estrangeiro e todas as pessoas vulneráveis, há
sempre Jesus Cristo. Nós chamamos isso de “base cristológica”, dada por Mateus
25, 35: “Pois eu, neste caso, era estrangeiro, e vocês me receberam”. Eu era
estrangeiro porque vinha de outro município, de outra região ou de outro país.
É o que todos os “outros” têm em comum com quem normalmente não nos vemos
partilhando uma experiência de vida quando, em momentos de necessidade, batem à
nossa porta. É Jesus Cristo que bate e pede para ser acolhido, para ser servido
e amado, e essa é a “base cristológica” do nosso acolhimento cristão.
A mensagem se desenvolve em seis subtemas expressos em seis
verbos ricos de significado: conhecer, aproximar, ouvir, compartilhar, envolver
e colaborar, que são hoje particularmente fortes, dada a situação atual. É
assim?
Pe. Baggio: Certamente.
Lembremos, também neste quinto aniversário da Laudato si', que cada um desses
subtemas foi bem aprofundado pelo Santo Padre a partir da Laudato si' em
adiante, reconhecendo que é apenas com uma nova perspectiva humanística bem
fundamentada no que é o projeto divino da criação, ou seja, o que é o nosso
dicastério, o Desenvolvimento Humano Integral que deve ser promovido num
contexto de fé baseado no projeto de Deus, no qual podemos realmente trabalhar.
Então, começando pelo conhecimento, nós realmente iremos ao promover; depois,
começando do servir, iremos ao construir juntos. Todos esses verbos serão
lidos, na mensagem do Santo Padre que será publicada daqui a poucas semanas,
num desenvolvimento progressivo de atividades concretas que nos tornam, por um
lado, mais “pessoas” de acordo com o projeto de Deus, e fazem com que os outros
também sejam.
Fonte: Vatican News
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