Papa Francisco: libertar as mulheres da escravidão da prostituição
O
Papa Francisco escreveu o prefácio do livro “Mulheres crucificadas. A vergonha
do tráfico contada da rua” (Editora Rubbettino) de autoria do padre Aldo
Buonaiuto, sacerdote da Comunidade Papa João XXIII. O livro está disponível nas
livrarias italianas a partir desta segunda-feira, 29.
No início do prefácio, o
Pontífice recordou uma visita a casa de acolhimento da Comunidade Papa João
XXIII realizada em uma das Sextas-feiras da Misericórdia, durante o Ano Santo
Extraordinário. “Não pensei que lá encontraria mulheres tão humilhadas, tristes
e provadas. Realmente mulheres crucificadas. Na sala em que encontrei as
mulheres libertadas do tráfico da prostituição forçada, respirei a dor, a
injustiça e o efeito da opressão. Uma ocasião para reviver as feridas de Cristo”,
escreveu.
O Santo Padre conta que,
depois de ouvir as histórias comoventes e humanas das mulheres, sentiu um forte
desejo de pedir perdão pelas torturas que elas tiveram que suportar por causa
dos clientes que se diziam cristãos. “Um incentivo a mais para rezar pelo
acolhimento das vítimas do tráfico, da prostituição forçada e da violência”,
revelou.
“Uma pessoa nunca pode ser
colocada à venda. Por isso, estou feliz de conhecer o trabalho precioso e
corajoso de assistência e reabilitação que o padre Aldo Buonaiuto realiza há
vários anos, seguindo o carisma de Oreste Benzi. Isso requer também a
disponibilidade de expor-se aos perigos e retaliações da criminalidade que fez
dessas mulheres uma fonte inexaurível de ganhos ilícitos e vergonhosos”,
registou Francisco.
No prefácio, o Papa afirma
que gostaria que o livro fosse acolhido no contexto mais amplo possível a fim
de que, conhecendo as histórias que estão por trás do número chocante do
tráfico, se possa entender que, sem deter essa alta demanda de clientes, não
será possível combater de maneira eficaz a exploração e a humilhação de vidas
inocentes.
“A corrupção é uma doença
que não se detém sozinha”, continuou o Pontífice, que apontou: “É preciso uma
tomada de consciência individual e coletiva, e também eclesial, para ajudar
realmente essas nossas desventuradas irmãs e para impedir que a iniquidade do mundo
caia sobre as criaturas mais frágeis e indefesas. Toda forma de prostituição é
uma escravidão, um ato criminoso, um péssimo vício que confunde a relação de
amor com o desafogar os próprios instintos, torturando uma mulher indefesa”.
Por fim, o Santo Padre
escreveu: “É uma ferida na consciência coletiva, um desvio ao imaginário
corrente. A mentalidade de que uma mulher deve ser explorada como uma
mercadoria para usar e depois jogar fora é patológica. É uma doença da
humanidade, uma maneira errada de pensar da sociedade. Libertar essas pobres
escravas é um gesto de misericórdia e um dever para todos os homens de boa
vontade. O seu grito de dor não pode deixar indiferentes pessoas e
instituições. Ninguém deve virar o rosto para o outro lado ou lavar as mãos do
sangue inocente que é derramado nas estradas do mundo”.
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