“Vamos parar de odiar o próximo”, diz jornalista brasileiro que já escreveu livro sobre o Holocausto
O também advogado Salus Loch, do
interior do Rio Grande do Sul, está na Polônia, onde participa da solenidade
oficial dos 75 anos de libertação dos sobreviventes dos campos de concentração
de Auschwitz-Birkenau: “estive pela primeira em 2015 e mudou a minha vida. A
mensagem que fica deveria ser: vamos parar de odiar o próximo e tentar viver
com mais empatia, respeito e amor.”
A viagem deste ano pela memória histórica do Holocausto
começou ainda na semana passada, quando o jornalista brasileiro, Salus Loch, de
39 anos, deixou o Rio Grande do Sul para chegar na Polônia. Acostumado a
roteiros internacionais a trabalho, o também advogado, natural de Ijuí, está
visitando pela segunda vez o campo de concentração e extermínio de
Auschwitz-Birkenau.
Salus já entrevistou 7 sobreviventes do Holocausto que
vivem no Brasil, em Israel e na Polônia, o que inclusive já lhe rendeu um
livro. “A Tenda Branca” é um romance que narra a trajetória de uma
sobrevivente, Gabriela Gitta Schwartz Heilbraun, que hoje, aos 91 anos, mora em
São José, na grande Florianópolis/SC.
Dia da Memória
na Polônia
Nesta segunda-feira (27), o jornalista participa da
solenidade oficial do Dia da Memória, com mais de mil profissionais inscritos
para cobrir o evento, que está sendo realizado em Auschwitz-Birkenau. Mas já no
domingo (26), em outro encontro com jornalistas, Salus testemunhou o depoimento
de outras 13 vítimas do Holocausto, em 6 horas de conversa, na cidade de
Oświęcim, próximo dos campos.
O evento foi promovido pelo Memorial e Museu de
Auschwitz-Birkenau e reuniu alguns dos mais de 200 sobreviventes que foram à
Polônia participar da celebração desta segunda-feira. Salus conta que, ao seu
modo, “eles pediram para que líderes mundiais, assim como gente comum, deixem
de lado discursos sustentados pelo ódio, que buscam separar pessoas, colocando
em risco a vida de inocentes, como aconteceu no Holocausto, quando 6 milhões de
judeus foram assassinados pelos nazistas. Eles estão fazendo a sua parte, e,
nós, o que estamos fazendo?”, indagou o jornalista.
“Auschwitz não foi o começo. As câmaras de gás não
foram o início de tudo, foram parte do processo que começou lá trás com o
discurso do ódio, da desumanização. Enfim, foi a consequência das ações levadas
a cabo por pessoas que pregavam justamente isso.”
A mensagem de
respeito e amor
Salus ainda promove palestras e participa de
encontros de formação com estudantes e professores para falar do Holocausto e
da necessidade de se discutir o tema, a fim de que a história não se repita,
unindo-se ao apelo deste domingo (26), do Papa Francisco, para que essa
tragédia “nunca mais” se repita. O jornalista acredita que a educação, o amor,
o respeito e a empatia são vitais para a construção de uma sociedade mais
fraterna e humana.
“Auschwitz, ou qualquer outro campo de
concentração, é a oportunidade que nós temos para visualizar e tentar entender
até onde vai a capacidade do homem de fazer o mal contra outras pessoas,
jovens, velhos e crianças. Auschwitz foi construído por homens alimentados por
uma ideologia, no caso, o governo nazista, que era totalitária, extremista e
que, acima de tudo, pregava o ódio.
Acho que esse é o principal recado que Auschwitz, o
Holocausto e esse período da história nos deixa: nós temos que tentar entender
o outro como um igual, não como diferente, não como melhor, não como pior. Essa
classificação é muito perigosa. E, infelizmente, a gente vê esse discurso do
ódio sendo propagado em vários lugares, inclusive no Brasil, onde eu moro -
moro em Erechim. Mas não é só lá, a gente tem em boa parte do mundo. Eu
superindico visitar Auschwitz. Eu estive pela primeira em 2015 e mudou a minha
vida profissional e pessoal. A mensagem que fica deveria ser: vamos parar de
odiar o próximo, tentar viver com mais empatia, respeito e amor.”
Fonte: Vatican News
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